Resenha | A cidade dos espelhos

Título A cidade dos espelhos
Série A passagem

Autor (a) Justin Cronin

Editora Arqueiro (Livro cedido pela editora)

Páginas 668

Ano 2017

Classificação 5/5 💛

        

Num futuro em que todas as regras foram mudadas, é hora de cada um encontrar o próprio destino. Ano 100 D.V.: após a destruição dos Doze e de seus Muitos, nenhum viral foi visto nos últimos três anos. As fortalezas que protegiam os últimos humanos dos infectados começam a parecer desnecessárias.
Na República do Texas, as vigílias constantes já não encontram inimigos e o controle de natalidade se mostra um contrassenso quando há todo um continente vazio à espera de ser repovoado.
Com novas demandas do povo surgindo a cada dia, o presidente Peter Jaxon decide levar adiante a ideia de abrir os portões da cidade fortificada e dar início à reconstrução do que um dia foi um país de milhões de habitantes.
Mas a atmosfera de calmaria é apenas parte de um plano maligno. Fanning, o Zero, aquele que deu início ao caos, esteve pacientemente aguardando em sua eternidade pelo momento em que as vítimas finais baixariam a guarda. Seu exército está pronto e, em suas fileiras, as armas são garras e presas e a motivação é a sede de sangue.
Para fechar essa tão esperada trilogia, Justin Cronin construiu um conto de sobrevivência e fé, em que os limites entre o bem e mal são postos à prova e um questionamento inquietante permeia cada página: o que nos torna humanos, afinal?

Como é difícil terminar uma série. Ainda mais quando essa triunfa na maior parte do nosso coração. A sensação de abandono é normal e a ressaca é consequência, um efeito colateral. Não exagero quando classifico a série de Justin Cronin nesse quesito e ainda acrescento que além desses efeitos, ela atinge o ápice tão aguardado por tantos leitores, suprindo expectativas e brindando-os com uma história excepcional. "A cidade dos espelhos" sustenta essa afirmação e concretiza uma estória que conquistou e conquista muitos.

Novas situações, com perigos inconcebíveis à espreita, sobreviver nunca foi tão preciso. É assim que reencontramos velhos amigos que retornam mais uma vez para lidar com um mal que ainda persiste.

Após os acontecimentos em "Os Doze" (resenha), a humanidade tenta se reerguer fora das fortalezas. Temer os virais é algo que não fazem há muito tempo. Cada sobrevivente busca reconstruir sua vida da melhor forma possível, assim como Peter, seus familiares e amigos. Porém, o que ninguém previa era que o verdadeiro mal permanecia oculto, esperando somente a hora certa para agir. Fanning, o Zero, está de volta e mais do que nunca, quer concretizar seu plano contra a humanidade.

Em "A cidade dos espelhos" toda a batalha entre humanos e virais se dirige para uma conclusão. Novos aliados são formados e um novo ponto de vista é apresentado. Conhecemos melhor Tim Fanning, sua vida humana e todas as circunstâncias que o fizeram se tornar Zero, assim como seus objetivos e motivações após isso. Toda essa construção atribuída ao personagem é incrível e de extrema importância, resultando um melhor entendimento da história.

Cronin é um gênio e não exagero quando afirmo isso. Possuir a competência de criar um universo tão surreal e incrível não é para qualquer autor. A qualidade de sua escrita é única e seus personagens, muito bem construídos, são interativos e carismáticos. Sua história é tão tangível que na maioria das vezes, nos sentimos parte do contexto.

... Dizem que nos tempos antigos só havia um sexo; nesse estado abençoado a humanidade existiu até que, como castigo, os deuses dividiram cada um de nós em dois, uma mitose cruel que fez cada metade vagar para sempre pela Terra em busca de seu parceiro, para que pudesse ficar inteira de novo. Pág. 419

Enredo excelente, sem pontas e equilibrado, tudo que um leitor busca, não é mesmo? Pois bem, assim é a história dessa obra e das anteriores (resenha: A Passagem - v.1), que longe de ser previsível, te surpreende do início ao fim. Essa é, com certeza, uma série para os amantes de uma boa ficção científica, mesclada com uma boa dose de horror.

Assim se aproxima a hora de nosso ajuste de contas. A Deus faço minha reclamação justa; foi ele que cruelmente pendurou o amor diante dos nossos olhos, como um brinquedo multicolorido acima do berço de um bebê. Pág. 420

É difícil de aceitar o fim dessa série, mas me alegro por ter tido a oportunidade de conhecê-la e de viajar em suas páginas.