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Resenha | Depois Daquela Montanha

O Dr. Ben Payne acordou na neve. Flocos sobre os cílios. Vento cortante na pele. Dor aguda nas costelas toda vez que respirava fundo.
Teve flashes do que havia acontecido. Luzes piscavam no painel do avião. Ele estava conversando com o piloto. O piloto. Ataque cardíaco, sem dúvida.
Mas havia uma mulher também – Ashley, ele se lembra. Encontrou-a. Ombro deslocado. Perna quebrada.
Agora eles estão sozinhos, isolados a quase 3.500 metros de altitude, numa extensa área de floresta coberta por quilômetros de neve. Como sair dali e, ainda mais complicado, como tirar Ashley daquele lugar sem agravar seu estado? À medida que os dias passam, porém, vai ficando claro que, se Ben cuida das feridas físicas de Ashley, é ela quem revigora o coração dele. Cada vez mais um se torna o grande apoio e a maior motivação do outro. E, se há dúvidas de que possam sobreviver, uma certeza eles têm: nada jamais será igual em suas vidas.
Título Depois Daquela Montanha | Autor (a) Charles Martin
Editora Arqueiro (Livro cedido pela editora) | Páginas 304 | Ano 2017
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Histórias de sobrevivência sempre me atraem muito, na maioria das vezes, o fato de poder experimentar as emoções e desafios de um personagem isolado, nos concebe uma ligação íntima e extremamente fácil, se comparada a outros gêneros.


É comum a esse tipo de narrativa o uso de ferramentas como diários, relatórios, um amigo imaginário talvez, visando sempre ressaltar ainda mais a conexão com o leitor e tornar o desenvolvimento da história mais orgânico. O personagem do livro em questão utiliza um gravador para a tarefa, porém a história é dividida em duas linhas temporais e a ferramenta é originalmente e erroneamente utilizada em sua maioria para nos contar o passado (“chorar as mágoas”) e todo background do personagem parte desse recurso, desde a sua infância à relação com a esposa.

Os capítulos são curtos, o que sempre facilita o desenrolar da história, contudo, até final do primeiro ato, os capítulos se intercalam entre a linha temporal da queda do avião e a “linha temporal” do gravador, o que torna a história maçante e lenta, essa troca de abordagem é extremamente anticlimática, tornado a trama linear, sem grandes picos de drama, ação ou emoção.


Dr. Ben Pine, personagem principal, é pouco humanizado, doutor, atleta, alpinista, rico, gentil, romântico, herói. Todo esse currículo, incrivelmente não embasa grandes diálogos, pois piadas repetidas e termos técnicos desnecessários são exemplos da falta de esmero do autor perante os diálogos dos personagens. Dr. Ben Pine acaba se tornando uma escada para a transformação de sua companheira de queda, Ashley, uma colunista prestes a se casar que descobre o real significado do amor.

O livro é repleto de clichês, às vezes desnecessários, mas na maioria das vezes cumprem sua função na trama. O livro tenta ser uma mescla dos gêneros, sobrevivência e romance. Se encarado como sobrevivência ele com certeza deixa a desejar, em nenhum momento consegui temer por algum daqueles personagens, nem mesmo o cachorro (até comida o casal reparte com ele), já como um romance com pitadas de sobrevivência, a obra cumpre com seu propósito, visto que o quarto ato da trama é ótimo e nele jaz o real diferencial do livro, sempre é gratificante quando um quarto ato traz relevância a história e não alonga o final simplesmente.


Como já citado acima, os arcos são repletos de clichês, às vezes até mesmo piegas, porém quando unidos no quarto ato elevam a história a um ótimo nível.

CHARLES MARTIN se casou em 1993 com o grande amor de sua vida e tem três filhos com ela. Gosta de exercícios físicos, caça com arco e flecha e é faixa preta em tae kwon do. Já publicou doze romances e um e-book autobiográfico. Depois daquela montanha, lançado em mais de dez países, chegou às telas de cinema com Idris Elba e Kate Winslet nos papéis principais. Charles mora com a família em Jacksonville, na Flórida. charlesmartinbooks.com
DIAGRAMAÇÃO |
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